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sexta-feira, 1 de maio de 2015

De ano em ano



Toda criança brinca de ser adulto. Elas sonham, a cada minuto, como será sua vida quando crescer e tiver uma idade X, na inocência de acreditar que tudo será perfeito. Sem saber todas as dificuldades, todos os amigos falsos, as críticas e dores que vão sofrer quando chegarem a adolescência.

Aos 10 anos começamos a entender melhor o que gostamos de verdade, e damos início a construção da nossa personalidade oficial, digamos assim. É aquela fase em que nós começamos a deixar as bonecas por jogos mais adultos, e sentimos inveja das meninas com 13 anos, por serem mais estilosas e passarem gloss nos lábios. Ficamos sonhando com o tão esperado primeiro beijo. E curiosas sobre quando, finalmente, teremos peito rsrs.

Então chegamos aos 13, achando que somos incríveis por finalmente ter entrado na adolescência. Assim, observamos cada passo das meninas de 15, que terão lindas festas cheias de brilho e glamour, usando vestidos maravilhosos e dançando com um rapaz bonito na frente de todos. Os amores ainda são platônicos, daqueles que você escreve num diário e fica vigiando seu caminhar pelos corredores da escola. É uma sensação boa, o coração acelera, e fechamos os olhos tentando visualizar um beijo (o qual, provavelmente, nunca vai acontecer, pois daqui há um mês estaremos apaixonadas por outro rapaz).

Aos 15 só nos importamos com as festas, e começamos a compreender que, nem sempre, o amor é tão bonito assim, os tocos começam a ser dados, as risadas e os julgamentos apertam sobre você. Chegamos naquela fase onde o tédio é constante, e as críticas insistentes. Os namoricos têm início, assim como as intrigas e panelinhas da escola. Achamos que nossa personalidade está totalmente formada (o que não é verdade) e que sabemos exatamente quem somos e o que queremos. Mas a verdade é que todas queremos chegar logo aos 18 para ter "toda a liberdade do mundo" sem ninguém mandar você dormir cedo ou estudar.

Engano seu, querida, ao achar que aos 18 seus pais não terão qualquer poder sobre você. Na verdade eles continuam a mandar em. E ai de nos se reclamarmos de alguma coisa. Finalmente entendemos que ter 18 anos não é nada demais, experimentar bebida alcoólica nem é tão legal assim, e o vestibular começa a bater na sua janela e invadir seu sono, como um pesadelo. Passar, passar, passar. Você só come, estuda, e chora de desespero nas vésperas das piores provas da sua vida. Sério. Nenhuma boate vale o horror de chegar na época do ENEM, de ter que escolher um curso na faculdade, sabendo que aquela será sua profissão para o resto da vida, sendo que você mal sabe qual é o sua cor favorita, e estudar feito louco sem a certeza de conseguir uma vaga.
Sem falar na falsidade que começa a rolar, fofocas, tramas, traições, as briguinhas da escola não eram nada comparado à melhores amigas que simplesmente ficam com o cara que você gosta, na sua cara ou pelas costas. Então você percebe que queria ter parado aos 16, quando tudo ainda era mais fácil e levemente mais inocente.

Aos 20 as coisas complicam mais ainda. Lidar com a faculdade e sentir a pressão de começar um trabalho. Quem nunca trabalhou antes não sabe que o primeiro dia de emprego é muito pior que o primeiro dia de aula. Você fica perdido, tentando aprender um pouco daquilo sem saber muito bem onde está se metendo. Quanto ao amor? Bom, depois de muitas decepções nos últimos cinco anos, você começa a ficar mais seletivo, tem medo do futuro incerto e as probabilidades começam a gritar. Percebemos que não somos donas do mundo, e aceitamos os erros com mais facilidade (mas ainda cometemos milhares de erros bobos, por ainda sermos jovens). Finalmente adultos!

Mas, se eu pudesse escolher, voltaria aos 10, pegaria minha Barbie do chão, e deixaria de querer chegar na "idade da liberdade", aproveitando cada minuto que me resta, enquanto eles não se tornam uma obrigação chata e meus pés não queimam com esse meio de tortura tão lindo, chamado salto alto.

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